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Maior associação de criadores de pássaros do Brasil realiza competições de canto no DF

O mais antigo associado possui um pássaro campeão avaliado em R$ 100 mil

Em 03/04/2014 às 09h01

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O canto dos pássaros é sinônimo de paz e tranquilidade para a maioria das pessoas. Em Brasília, membros da ACPB (Associação dos Criadores de Pássaros de Brasília) se reúnem três vezes por semana, exclusivamente para ouvir o canto dos pássaros. Além de hobby, a ação movimenta o mercado com competições regionais, interestaduais e até nacionais.

Não muito diferente da natureza, em que machos disputam a posse da fêmea pelo "gogó", a disputa consiste em quem canta por mais tempo. As fêmeas os acompanham em todos os campeonatos e os casais só são separados durante o torneio.

Na hora da competição, cerca de 80 pássaros são colocados em suas gaiolas em círculo e categorizados por espécie. Um chefe de roda anuncia o início do torneio e o cronômetro mede o tempo de cada um.

O vice-presidente da ACPB, Daniel Lemes dos Santos, explica que o treinamento semanal é necessário para desinibir o pássaro.

— Se você só deixá-lo em casa, ele não se desenvolve. Para ele se acostumar a cantar, não só para defender a posse da fêmea, ele precisa interagir com os outros pássaros e não se assustar na hora da competição.

O pássaro que canta por mais tempo ganha troféus e títulos, e com isso pode valer mais. O aposentado Ribamar Silva, 75 anos, é o mais antigo associado e cultiva o amor pelas aves desde "menino". Hoje, ele tem três casais de Curió, mas não esconde a preferência pelo Curisco, avaliado por R$ 100 mil pelo próprio presidente da associação, Roberto Guimarães. Para Ribamar, não há preço que pague.

— Os pássaros são a minha vida. Não sou de vender, sou de comprar. Se eu não tivesse meus passarinhos, já teria morrido.

Funcionário do Congresso Nacional por décadas, Ribamar conta que veio transferido do Rio de Janeiro para Brasília em 1960 e passou a fazer parte da associação, que nasceu junto com a construção da capital federal. Segundo o presidente da ACPB, Roberto Guimarães, o custo mensal para manter um pássaro é de R$ 250 a R$ 300, mas a maiora dos associados possuem dezenas deles.

Ribamar conta que é comum as reclamações da família em gastar dinheiro e dar atenção demasiada aos pássaros, mas ele não se importa.

— Minha mulher fala que gostaria que eu a tratasse tão bem como trato os meus passarinhos.

O presidente da ACPB, Roberto Guimarães, explica que a associação conta com cerca de 1.500 associados. O público é heterogêneo, mas os idosos são os mais ativos por terem mais tempo para se dedicar.

Meio ambiente

Os pássaros que participam dos campeonatos são todos nascidos em cativeiro e registrados pelo IBAMA. Ao nascer, recebem um anel inviolável de identificação, uma espécie de "documento".

Roberto Guimarães conta que, embora a criação de pássaros em cativeiro e as competições sejam legalizadas pelos órgãos ambientais competentes, é comum as pessoas confundirem os criadores com traficantes.

— Nosso passarinho foi selecionado geneticamente e aprimorado a partir de cruzamentos corretos, não temos nenhum interesse em tirar os pássaros do mato.

Guimarães também é aposentado e dedica a vida para cuidar dos pássaros e da associação. Sua atividade preferida é ouvir o canto das aves. Ele tem um sonho: que os criadores de pássaros sejam melhores vistos pela sociedade.


Tags relacionadas: ACPB, Brasilia, Pássaros




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