O presidente da Comissão de Tributação, Controle da
Arrecadação Estadual e de Fiscalização dos Tributos Estaduais da Assembleia
Legislativa do Rio (ALERJ), deputado Luiz Paulo (PSDB), irá solicitar ao
secretário de Estado do Ambiente, Carlos Minc, a criação formal de um grupo de
trabalho entre representantes do Instituto Estadual do Ambiente (INEA) e
passarinheiros. O motivo, discutido em uma audiência pública da comissão nessa
sexta-feira (25/10), é o acordo de cooperação assinado entre o Instituto
Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Renováveis (IBAMA) e o INEA.
Desde o dia 29 de agosto, foi iniciado um cronograma de 36
meses para a transição do gerenciamento dos recursos referentes à fauna do Rio,
do órgão nacional para o estadual. "A fiscalização, a autorização de pedidos
para criar passarinhos e o pagamento da anuidade da licença será
responsabilidade do INEA, a partir de agosto de 2014. Se há arrecadação
prevista, a categoria precisa entrar na Lei de Orçamento do Estado", disse Luiz
Paulo.
Atualmente, os passarinheiros pagam uma anuidade de R$ 30 ao
IBAMA. O presidente do Clube de Criadores de Curió Praia Clássico do Rio,
Sérgio Garcia, estima que esse valor pode subir para R$ 150. "Se a arrecadação
for usada para reinserção de pássaros apreendidos na natureza, valerá a pena.
Ninguém aqui quer ser ilegal", disse. O representante do Clube do Curió
Encapado, acredita que a reformulação será uma boa oportunidade para resolver
antigos problemas entre o IBAMA e os passarinheiros. "É preciso que haja
diferenciação entre os criadores domésticos, que são amadores, e os de animais
silvestres. Antes de criar uma lei, acho muito importante que uma comissão
nossa seja criada", opinou.
O presidente da Federação de Pássaros do Rio de Janeiro (FEEPAERJ),
José Flávio, criticou a situação do Centro de Triagem de Animais Silvestres (CETAS),
local para onde o IBAMA leva animais apreendidos. "Somos todos contra a
ilegalidade, mas a preservação perde seu propósito se o animal for levado para
morrer por falta de alimentação e ambiente adequados", disse. A coordenadora de
Fauna do IBAMA, Taciana Mendonça, informou que o CETAS do Rio já está passando
por uma reforma. "O INEA, inicialmente, herdará o nosso sistema", disse.
O gerente de Fauna do INEA, Adilson Pinto Gil, enfatizou que
o órgão estadual continuará usando os sistemas do IBAMA, inicialmente, porque
não existem normas para o Rio ainda. "Esse procedimento está acontecendo em
vários estados. O Sistema de Pássaros do IBAMA, SISPASS, só estará aberto para
nós posteriormente. Primeiro precisaremos pensar no Sistema de Fauna (SISFAUNA),
que fiscaliza empreendimentos como zoológicos", explicou. O deputado federal
Otavio Leite (PSDB-RJ) enfatizou que é dito na Constituição Federal que a
preservação do meio ambiente é dever da União, dos estados e dos municípios.
"Não é uma questão só para o Congresso. A extração de pássaros do meio ambiente
não pode ser incentivada. Os criadores precisam se ater à reprodução dos
animais", afirmou.
"Muitos passarinheiros que são donos de clubes organizam
exposições, que são atividades comerciais. É preciso que haja regulamentação
para isso, assim como há para exibições de outros animais, como cachorros e
cavalos", disse Luiz Paulo. "O valor real a ser pago pela anuidade ao INEA
também precisa ser definido. Acredito que, com a criação da comissão de
passarinheiros e do grupo de trabalho com o INEA, poderemos definir novos rumos
para a categoria no estado", concluiu.